13.4.10

A minha alma

Doem-me os joanetes, as palmas dos pés, o calcanhar esquerdo. Invariavelmente o que temos de fazer é ingrato e nos desgasta, nos fere, nos destrói. Fazemos exercício para controlar a gordura e a tenão arterial, apenas para nos tornarmos numa hecatombe de radicais livres que consomem as nossas células.
Caminho para respirar, para ver as ruas da cidade ao ritmo a que precisam de ser vistas, para ter tempo de parar e enfiar o nariz numa folha com as direcções da nova localização desta ou daquela repartição pública, do cartaz de venda daquele outro apartamento, dos desenhos da calçada. Pago o preço, uma camisa encharcada e dois calos novos.
Não existe felicidade, ela está sempre inquinada pelo contraponto do propósito pretendido. O que nos deixa com a alma vazia.