2.9.05

O que escrevemos quando a brancura do papel ou do ecrã manifesta a secura da nossa mente, carcomida, ressequida, esgotada pelo eucaliptal do dia a dia, do fazer por fazer, para não desistir, para não parar, apesar de nós? O que nos puxa a partilhar o nada que nos consome e que para o seu buxo nos arrasta, dia a dia? Continuamos a acreditar, esperar, desejar que alguém observe as nossas divagações, as nossas manifestações estéreis e de longe murmure, é isso mesmo.
Acreditamos, talvez, ser essa a nossa redenção, a afirmação da nossa realidade, do nosso fim, da nossa função, a confirmação da nossa presença. Esquecemos, certamente, que ninguém quer saber, que nada mais há a dizer e que nada mais é hoje dito que algo signifique.
Vivemos nos dias da opinião, que é como as bocas, todas a gente tem uma. Rodeados de opiniões, opiniões, opiniões e mais opiniões. E mais uma, já a seguir. Todas meras opiniões, posições mais ou menos fundadas ou infundadas. Menos que opiniões, afirmações. Eu. Eu. Eu. Não vêem o acerto do que digo!? Eu. Não!? Eu!? Não!?